2015 m. vasario 16 d., pirmadienis

Polo muito que vos quero, Entendo o que vos mereço; Bem vejo quam pouco espero, Mas assi peço o que peço; Que só vossa verdade é preço Não entendo de mim s'estou com siso; Mas alma e vida julgo por ditosas, E sua prisão por doce e por suave Quando eu as frechas vejo com que o lado Brandamente me tem o Amor ferido, E quando os laços d'ouro que a um cuidado Atada a alma me têm, preso o sentido; Quando aquele som ouço nunca ouvido, Entre robis e perlas bem formado, De que este esprito fica assi vencido Que de toda outra cousa é descuidado; Quando as vermelhas, quando as brancas rosas Que me levam trás si, e quando um riso De que encho est' alma, riso brando e grave:

António, sabe que em tam triste sorte 
Me tem o Amor e minha estrela dura 
Que m'é o dia claro noute escura, 
Cego sem ver meu sol, sem ver meu norte! 

Em quanto sinto m'ameaça a morte, 

Mas pouco em minha vida s'aventura; 
Foge a alma pêra lá, de mim não cura, 
Sente em mim grave peso e prisão forte. 

Com tudo quanto vejo me carrego, 
E por não ver que posso assi ter vida  

Sem ver a minha luz, a mim me nego, 

A mim me desconheço, e pouco crida 
De Filis é esta dor, muito do cego 
Minino festejada e consentida. 


 

f.45r°. Soneto XIX. 

Vai -se um mes e outro mes, um ano e outro ano. 
Muda-se o gosto, muda-se a vontade,  

Ha cad' ora úa e outra novidade, 
E eu sempre vou seguindo um mesmo engano! 




E vendo claramente o desengano 

E mal crida de vós minha verdade, 
Nada sentida minha saudade, 
Contente vou correndo após meu dano. 

Úa ora só em mil dias que vos veja 
Basta para os passar alegremente 

Côas esperanças de vos ver outr' ora. 

Mas est' alma em que sempre estais presente 
Ora vos teme ver, ora o deseja, 
Mas ou alegre ou triste, sempre chora. 
 
 Senhora, dai -me do vosso amor, 
Que o desejo, 

E por ele mouro e peno! 

2. Desd' o dia que vos vi 

Não soube mais desejar;  

Tudo em mim aborreci 

Para tudo em vós amar. 

Yosso amor vejo faltar 

A este desejo; 

D'isto mouro, e d 'isto peno
 
 
 
Que vencem toda prosa e toda rima, 
Por verem onrado o mundo d'esses olhos 
Que versos darão sempre a todo canto. 

 E ninguém tirará nunca a meu canto 

Correr com vosso nome o mar e a terra, 

Ora cantando esses ferraosos olhos, 
Ora mostrando as outras raras graças, 
Qu'ou em prosa cantadas, ou em rima 
Vencida a vosso amor trarão tod' alma. 

5. Que não poderá achar-se nenhua alma 
A que não seja brando e doce o canto, 

(Inda que com inculta e pobre rima 
Nenhum nome mereça ter na terra) 
 
 
 Se ornado fôr', senhora, d 'essas graças, 

E rico d'esses vossos claros olhos.  

6. Se vedes vossos poderosos olhos, 
A eles atada sempre tereis a alma; 

E se cuidais era vossas mesmas graças, 

Indino achareis d'elas todo canto, 

De vossa fermosura indina a terra,  

De vosso nome indina toda rima. 

7. Mas cante minha rima sempre uns olhos 
Mais ferraosos da terra, sempre fia alma 
Que pode ornar meu canto com suas graças

Komentarų nėra:

Rašyti komentarą

l'optimum du Scrophularia ass o cia são artemisietosum
la plus riche du stratum inférieure de Lichens et Maçon's Masson difusum Masson vulpietosum plus ouverte Vulpia massonicus qui arrive a dominer d'après cette con's tella tion nation masson